Traduzido por Lyliah Rossi

Esta seção descreve exercícios para ajudar no desenvolvimento de suas campanhas e ações não-violentas, e maneiras de reuni-los para criar sessões de treinamento e workshops. Esses exercícios podem ser usados durante treinamentos não-violentos, workshops ou reuniões de grupo. Os exercícios tornam o nosso tempo juntos mais participativo e contribuem para o processo de aprendizagem e construção de capacidades entre os participantes.

Os exercícios que coletamos vêm de uma variedade de fontes em nossa rica história. Muitas vezes, os exercícios foram adaptados e alterados ao longo do tempo. Esperamos que você faça o mesmo, alterando-os para atender às suas necessidades. Apesar de a maioria dos exercícios nesta seção poderem ser usados para fins diferentes, damos algumas recomendações sobre onde e como usá-los melhor, assim como dicas para o facilitador/instrutor. Cada exercício também contém um link de volta para uma seção no manual, onde mais informações sobre um tópico específico podem ser encontradas.

Esperamos que você considere esses exercícios úteis em seu processo de construção de campanhas não-violentas e que eles o motivem a procurar e desenvolver mais exercícios para continuar a enriquecer o repertório do movimento não-violento.

Tópicos para o treinamento da não-violência

Treinamentos – especialmente quando relativamente curtos – tendem a se concentrar em um elemento específico da não-violência relevante para o grupo em questão. Por exemplo, se você está treinando em preparação para uma ação no dia seguinte, provavelmente há coisas melhores para focar do que uma história abrangente de movimentos não-violentos! No entanto, em um treinamento mais amplo focado em estratégia, isso pode ser algo muito útil e há alguns exercícios excelentes no manual que podem ajudar com isso. Abaixo está uma lista de diferentes tópicos que os instrutores têm coberto em seus treinamentos.

  1. História e filosofia da não-violência e da prática da ação não-violenta (ver 'história da não-violência',)
  2. Superando a opressão, a dinâmica étnica/racial e de gênero (ver 'não-violência e gênero').
  3. Desenvolvimento de estratégias de campanha (ver 'por que as coisas não simplesmente acontecem', e 'planejamento de campanhas não-violentas').
  4. Decisões consensuais e decisões rápidas (ver 'trabalhando em grupos', e o exercício de 'tomada de decisões').
  5. O que é um grupo de afinidade e funções dentro do grupo (ver 'grupos de afinidade', e 'funções antes, durante e depois de uma ação').
  6. Competências como trabalho jurídico e meios de comunicação social (ver 'suporte jurídico', e 'mídia').

Tarefas e ferramentas para organizar e facilitar treinamentos

Planejamento e facilitação de treinamentos de não-violência requerem uma série de tarefas que um número de pessoas deve compartilhar.

Primeiro, os organizadores da campanha precisam estar cientes de quando e qual treinamento é necessário. O grupo precisa de treinamento em desenvolvimento estratégico de campanha ou sensibilidade ao gênero? O treinamento é necessário para preparar um novo grupo de pessoas para participar de ações não-violentas, ou para que um grupo experiente ganhe novas habilidades? Os grupos de afinidade precisam de treinamento no processo de grupo? Todos no grupo se conhecem?

Uma vez que uma decisão de ter um treinamento é feita, os instrutores são necessários. Como afirmado em 'Treinamento de Não-violência', se os instrutores não estão disponíveis, crie uma equipe de co-facilitadores para fazer o treinamento. Esta seção possui listas de verificação para ajudar organizar, planejar e facilitar treinamentos.

Organizadores e instrutores precisam conversar antes de trabalhar em suas próprias tarefas. A falta de clareza e suposições feitas por treinadores ou organizadores pode resultar em um treinamento ineficaz. Um treinamento pode ser uma oportunidade importante para testar planos, encontrar fraquezas no grupo, ou envolver mais pessoas no processo. Um instrutor deve estar aberto a esses objetivos.

Se os treinadores fazem parte do grupo, eles precisam ser claros sobre seu papel como instrutores. Embora compreendam o contexto, o grupo, a campanha, o cenário de ação, etc. melhor do que um facilitador externo, instrutores profundamente envolvidos no trabalho podem ter dificuldade realizar um papel diferente; clarificar funções deve ajudar nesse processo.

As seções 'Campanhas Não-violentas' e 'Organização de Ações Não-violentas Efetivas' incluem informações que podem ajudar instrutores e organizadores a entender o que eles precisam fazer e quais treinamentos necessitam.

Trabalhando em conjunto

Vários dos organizadores e todos os treinadores devem se reunir com bastante antecedência para planejar o treinamento. Dependendo da situação, os organizadores podem precisar conversar com o grupo para tomar uma decisão. As perguntas dos instrutores podem ajudar os organizadores a entender o que mais eles precisam fazer para preparar o grupo para o treinamento.

Discuta quanto tempo é necessário para alcançar os objetivos do treinamento. Ele pode ser feito em um dia (quantas horas) ou um fim de semana? O treinamento pode ser feito em etapas, seguindo o processo de desenvolvimento da campanha? Você precisa de uma série de treinamentos para planejar uma campanha? Alguns grupos tomam uma semana para planear e preparar-se para uma campanha. Se as pessoas estão viajando para uma ação, como você pode planejar para o treinamento?

Os treinadores necessitam de informações sobre os participantes: são pessoas que se reúnem apenas para esta ação ou que se reúnem regularmente? Que nível de experiência eles têm? Eles já fizeram treinamentos antes? Participaram de ações não-violentas? Se sim, de quais tipos?

Discuta a abordagem do grupo para a não-violência e o treinamento. Há diretrizes de não-violência?

Peça aos organizadores da campanha para apresentar informações específicas no treinamento (por exemplo, planos, antecedentes de campanha). Seja claro a respeito do tempo que eles têm para esta tarefa.

Identifique quais folhetos são necessários; use mapas e imagens, se apropriado.

Seja claro sobre quem é responsável por trazer suprimentos (marcadores, papel, fita, cópias de apostilas e manuais, equipamentos para filmagem etc.) e alimentos ou outras necessidades físicas.

Lista de verificação para organizar um treinamento

Certifique-se que o espaço onde o treinamento ocorrerá seja acessível para os participantes e bastante amplo para que as pessoas participem de atividades e exercícios, se sentem em um círculo.

Certifique-se que há um quadro na parede ou papel para escrever.

Alimentos e bebidas são importantes; certifique-se de que alguém esteja responsável por isso ou que os participantes sejam incentivados a trazer algo para compartilhar.

A divulgação deve incluir uma descrição clara do treinamento e a necessidade de participação plena, seu comprimento e outros detalhes.

Lista de verificação para facilitar o treinamento

Os facilitadores devem perceber que pode demorar tanto tempo para se preparar quanto para apresentar/facilitar o treinamento. É importante que os co-facilitadores trabalhem em conjunto para determinar a agenda e sejam claros sobre as responsabilidades de cada um e como irão trabalhar em conjunto.

Seja realista sobre a quantidade de tempo alocada para cada seção. Não ceda à pressão de fazer o treinamento rapidamente se isso não é possível. Comece o treinamento com introduções. Quebre o gelo com exercícios introdutórios. Tome algum tempo para estabelecer um acordo de grupo que declara como o grupo quer se comunicar, se relacionar entre si e quais são as responsabilidades dos participantes.

Se os membros do grupo se conhecem bem, faça uma pergunta para que as pessoas aprendam algo novo um sobre o outro. Se os treinadores não tiverem informações suficientes sobre as experiências das pessoas, use formas não-competitivas de perguntar. Explique que os formadores precisam da informação, mas que não é um exercício para identificar quem é “melhor”.

No início do treinamento, conduza exercícios que incentivam a participação, como uma simples linha de improvisação. Equilibre as atividades em pares ou trios com atividades em grupos maiores.

Misture a discussão com exercícios; proporcione pausas regulares.

Marque o tempo e possíveis cortes em caso de atraso no cronograma. Mas não exclua os últimos itens, eles podem ser alguns dos mais importantes, como as encenações.

Sempre deixe tempo para avaliação e utilize diferentes formas de avaliação. Escreva em tabelas 'o que correu bem' (+) e 'o que poderia ter sido melhor' (>). Faça uma série de perguntas para solicitar comentários; use uma roda ou outro método de compartilhar ideias. Os formulários de avaliação escritos são muito úteis para treinamentos longos.

Propriedade intelectual

Apenas alguns desses exercícios dão 'crédito' para treinadores ou grupos de treinamento específicos. Nós nos desculpamos com antecedência àqueles que sentem que deveriam ter sido creditados como autores de um exercício. Por favor, nos informe para que possamos retificar isso na Web e em futuras edições impressas. No entanto, a maioria dos exercícios utilizados no treinamento de não-violência foram passados de grupo para grupo e adaptados de acordo com novas situações ou estilos.